De acordo com a OPAS (Organização Pan- Americana de Saúde) a depressão é um transtorno comum e um dos maiores causadores de incapacidade em âmbito global, isso se dá pelo fato da sobrecarga emocional ocasionada pela doença. Supõe-se que em todo o mundo cerca de 300 milhões de pessoas são afetadas pela depressão.
Os dados brasileiros denotam que a depressão, assim como o estresse e a ansiedade, são os transtornos mais comuns que atingem a população, estima-se uma média de 20 milhões de brasileiros com alguns destes transtornos, e ainda, segundo a OPAS, o Brasil atualmente é o país com a maior prevalência da depressão.
Sentimentos como tristeza frequente, irritabilidade, angústia, desânimo e medo estão associados a depressão, mas também a outros transtornos emocionais como a ansiedade e o estresse; é importante e necessário saber diferenciá-los.
Como o estresse pode desencadear ansiedade e depressão?
Os dois transtornos mentais: depressão e ansiedade possuem sintomas em comum, no entanto, é possível diferenciá-los, mas antes, se faz necessário ressaltar que ambos andam de mãos dadas com o estresse, sendo este último um fator desencadeante tanto para o diagnóstico de depressão, ansiedade ou até mesmo os dois juntos.
Para um melhor entendimento de cada transtorno, vamos começar com o maior fator desencadeante para depressão e ansiedade:
Estresse: É uma reação natural que o ser humano possui quando se sente ameaçado ou quando vivencia uma situação que causa medo ou risco, fazendo com que o cérebro emita uma resposta rápida frente a estas situações vivenciadas e desencadeando uma série de sintomas no corpo, tais como: aumento da pressão sanguínea, taquicardia, sudorese, entre outros.
Ainda que nem sempre a pessoa esteja vivenciando situações que ativem seu sistema de luta e fuga, a rotina do dia a dia pode fazer com que estes mecanismos sejam ativados, principalmente com a quantidade de estímulos recebidos a todo momento atualmente,podemos ter acesso a notícias em questões de segundos entre diversos exemplos queocasionam inúmeras reações químicas mesmo que a pessoa não esteja em uma situação de perigo.
O problema do excesso de tensão vivenciado por pessoas em situação de estresse vem com comprometimentos fisiológicos no decorrer do tempo. Um exemplo disto é a adrenalina, que é o hormônio liberado em situações excitantes e ameaçadoras, que começa a ser liberada mesmo sem a presença de uma grande ameaça, fazendo com os vasos sanguíneos possam ser danificados, pressão sanguínea como foi mencionada, e resultando em ganho de peso, ansiedade, insônia e então nascendo o estresse.
Alguns sinais mais comuns de estresse:
- Alterações bruscas de humor;
- Problemas de atenção;
- Falta de concentração ou problema de memória;
- Problemas digestivos;
- Insônia;
- Dores musculares;
- Queda capilar;
- Hipertensão;
Como saber se a pessoa tem depressão ou ansiedade?
Ainda que o indivíduo possa ter os dois diagnósticos juntos, depressão e ansiedade, ambos transtornos possuem suas características e particularidades, especificamente no DSM (Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID (Classificação Internacional de Doenças), que são manuais que contém as classificações de doenças e referencias para profissionais de saúde.
Ansiedade é uma reação natural que todo ser humano possui frente à estímulos excitantes, ameaçadores ou perigosos, ela faz com que sempre que uma ameaça se aproxima,o sistema de “luta e fuga” seja ativado, a ponto de a pessoa conseguir se livrar daquele perigo.
Embora a ansiedade seja uma reação normal do corpo humano, ela pode ultrapassar o limite natural e ocasionar um excesso de alerta a ponto de funcionar de uma maneira oposta: fazendo a pessoa paralisar perante às situações.
Dentre os transtornos de ansiedade, existem subdivisões que diferenciam uns dos outros, como por exemplo: Transtorno de ansiedade generalizada, Fobia Social, Transtorno do pânico, entre outros. É de extrema importância um diagnóstico profissional para uma melhor análise, visto que os sintomas podem ser similares e próximos, mas dentre todos existe a permanência de tensão muscular e alta vigilância em relação a uma situação perigosa (mesmo que imaginária) em relação ao futuro e comportamentos de alerta ou esquiva.
Em outros casos a pessoa pode apresentar ansiedade, mas não chegar a ter necessariamente o diagnóstico de Transtorno de ansiedade, tudo isso depende da duração dos sintomas, a frequência e a intensidade vivenciada pelo individuo, bem como o conteúdo destes pensamentos, por isso a importância do diagnóstico com profissionais da saúde como: psicólogos e médicos psiquiatras.
Entre os sintomas mais relatados estão:
- Tensão muscular
- Insônia
- Sudorese
- Preocupação em excesso (medos exagerados, sensação de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento, medo de objetos, situações particulares…)
- Problemas de atenção;
- Problemas digestivos;
- Perfeccionismo
A ansiedade é caracterizada por um excesso de preocupação, mesmo que possa haver alteração de humor e difere da depressão, já que o sintoma mais acentuado é uma “profunda tristeza”. Na depressão, ou Transtorno de Depressão Maior, nomenclatura oficial dos Manuais diagnósticos em saúde mental, o humor negativo e até mesmo um tanto pessimista na maior parte do dia, assim como um cansaço/fadiga e um desânimo acentuado.
É bem comum as pessoas confundirem uma tristeza com depressão, porém apesar deste humor debaixado fazer parte do transtorno, para um bom diagnóstico (realizado por um profissional da saúde; médico e psicólogo) são necessários outros sintomas como a intensidade e a frequência (falou na página anterior). Vale ressaltar que a depressão é considerada multifatorial, ou seja, não tem apenas uma causa, ela é desencadeada por um conjunto de fatores, tais como: genética, ambiente, temperamento, traumas, entre outros.
Alguns sinais e sintomas mais frequentes advindos da depressão, são:
- Presença constante de pensamentos negativos ou pessimistas;
- Perda do prazer em atividades que gostava;
- Baixa autoestima;
- Excesso de culpa;
- Desânimo;
- Cansaço;
- Apatia;
- Irritabilidade;
- Perda do apetite.
Cabe ressaltar também que mesmo diferenciando ansiedade de depressão, a ansiedade vivenciada de uma forma patológica pelo seu excesso de preocupação, pode ser um fator desencadeante para o desenvolvimento de depressão, da mesma maneira que um quadro de depressão também pode desenvolver um transtorno de ansiedade.
Como tratar ansiedade e depressão?
A diferenciação entre estresse, ansiedade e depressão não são apenas nos sinais e sintomas, mas também no tratamento, especificamente no tratamento medicamentoso. Para um diagnóstico preciso e cauteloso a pessoa precisa buscar ajuda de psicoterapia com psicólogo e quando necessário de psiquiatra, visto que geralmente estes profissionais trabalham em conjunto.
Além da individualização do diagnóstico, pois este visa entender a sintomatologia de cada indivíduo, história de vida, contexto, dificuldades particulares, para um tratamento mais abrangente e pessoal, até mesmo como a medicação ideal, prescrita pelo médico na dosagem correta, para os casos que assim necessitarem, o psicólogo trabalhará também entendendo essa individualidade e como esses sintomas comprometem a vida desta pessoa que busca ajuda.
O psicólogo por sua vez pode embasar seu conhecimento teórico em diversas abordagens dentro da Psicologia (que são maneiras de enxergar o indivíduo), sabe-se que atualmente a ciência vem avançando e junto a ela, o surgimento da ciência baseada em evidencias, assim como a Psicologia baseada em evidências, que elucidam diretrizes e modelos testados para um melhor tratamento do paciente, dentre as abordagens da Psicologia, as que mais possuem evidências científicas para casos de Transtorno de Ansiedade e Depressão, são as Terapia Cognitivo Comportamental e Abordagem Comportamental.
O tratamento, por ser particular e individual, não tem uma previsão de término, já que cada pessoa responde a este mesmo tratamento no seu próprio tempo, embora a psicoterapia com as abordagens citadas, tendem a ser mais focadas em resolver com precisão e eficiência a dificuldade do paciente.
Conclusão
Existem diversas similaridades entre estresse, ansiedade e depressão, contudo, para qualquer diagnóstico válido e preciso, é fundamental a busca por um profissional da saúde, médicos psiquiatras e psicólogos, para uma análise mais ampla e criteriosa dos sintomas, contexto e vivência do indivíduo.
Em todos os casos, a pessoa nunca deve se automedicar, tirar conclusões com base em informações encontradas em redes sociais ou por opiniões de pessoas sem bases científicas, pois existe o risco de efeitos colaterais, levando ao agravamento de sintomas e complicações secundárias.
Desta mesma maneira, a busca por psicoterapia com psicólogo, pode proporcionar para a pessoa além de autoconhecimento, a melhoria na qualidade de vida, redução do estresse, ansiedade e a resolução de problemas. A terapia pode ajudar uma pessoa a aprendertécnicas de relaxamento e manejo do estresse que podem reduzir a ansiedade e outros sintomas emocionais negativos. Busque ajuda!